O que você faz quando perde alguma coisa e não encontra de jeito
nenhum? Uma simpatia brasileira típica é invocar o funcionário número um do
Departamento Celestial de Achados e Perdidos: São Longuinho. Só não se esqueça,
quando o objeto reaparecer feito mágica, de agradecer dando três pulinhos - de
preferência acompanhados de três gritinhos (e bem sozinho, para evitar gracejos
e maledicências).
Existe forma de agradecimento mais esdrúxula na história da
humanidade? Mas o mais curioso é que ninguém sabe de onde veio essa superstição
saltitante - Mundo Estranho ouviu vários folcloristas e nenhum deles tinha a
menor idéia da sua origem, a não ser especulações relacionando a tríade de
pinchos à Santíssima Trindade.
São Longuinho, santo celebrado em 15 de março, é especialmente
popular na Espanha e no Brasil - mas aqui só existe uma igreja com sua imagem,
em Guararema, interior de São Paulo. "Longuinho vem de Longinus, nome
comum aos mártires", afirma o teólogo Décio Passos, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Longinus, por sua vez, vem do
grego lonkhe, que quer dizer lança. Segundo os historiadores da religião,
Longinus chamava-se Cássio e era um dos centuriões romanos escalados para
vigiar Cristo na cruz. "Na Sexta-Feira Santa, Cássio espetou sua lança no
coração de Jesus e acabou levando um jato de sangue em seus olhos", diz o
padre Aparecido Pereira, estudioso de hagiografias (biografias de santos) e
editor do jornal O São Paulo, da Cúria Metropolitana. Cássio sofria de um
problema de vista - ou "cegueira espiritual", de acordo com alguns
relatos - e, naquele momento, foi curado instantaneamente.
Converteu-se ao Cristianismo e refugiou-se na Cesaréia, onde virou
monge. Descoberto, foi decapitado, como tantos outros mártires cristãos.
A história de São Longuinho é citada no Novo Testamento por Mateus
(27:54), Marcos (15:39) e Lucas (23:47).
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